O método baby‑led weaning (BLW) foi nomeado por Gill Rapley, autora da obra Baby‑led weaning: helping your baby to love good food (em tradução livre, Desmame Guiado pelo Bebê: Ajudando seu Filho a Amar Boa Comida). Ele sugere que bebês a partir do sexto mês têm capacidade motora para guiarem a própria ingestão. Se exibirem crescimento e desenvolvimento adequados são aptos a o consumo de alimentos em pedaços, sendo desnecessárias alterações de consistência.
Uma revisão sobre as constatações científicas a respeito do método BLW foi publicada neste ano na Revista Paulista de Pediatria e nós resumimos para você os principais pontos abordados.
Mas o que esse método tem de diferente?
Esse método de introdução alimentar oferece oportunidades para as crianças:
- escolherem os momentos em que as refeições serão iniciadas;
- o que será consumido, entre as opções saudáveis ofertadas;
- o ritmo e a quantidade da ingestão.
Assim, o papel do cuidador é ofertar alimentos em pedaços e encorajar a autoalimentação infantil, parte fundamental do método. Quantidades e frequências da oferta dos alimentos devem basear‑se na aceitação da criança, necessidades individuais, quantidade de leite materno ingerido e densidade dos alimentos complementares.
Há vantagens sobre os métodos convencionais?
Destaca-se a duração do aleitamento materno exclusivo substancialmente maior entre as mães que aderiram ao método BLW. Isso tem vital importância nos dias atuais, dado o papel protetor da amamentação para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
Bebês adeptos ao BLW também foram mais propensos a constituir um padrão alimentar com maior similaridade ao da família e a compartilhar os momentos de refeição. A imitação constitui um dos pilares do aprendizado infantil, sendo a comensalidade prática importantíssima para sua constituição. Maior sensibilidade à saciedade e menores exigências alimentares também foram observadas
Assim como recomendado pela OMS e pelo Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 Anos, do Ministério da Saúde, os alimentos comumente oferecidos pelo método BLW foram frutas e legumes frescos, em detrimento dos produtos industrializados. Quanto a quantidade calórica ofertada, não houve diferenças entre os métodos de introdução alimentar BLW e tradicional. Quanto ao IMC, houve maior adequação das crianças seguindo o método BLW, enquanto as submetidas à conduta tradicional foram mais suscetíveis ao excesso de peso.
O bebê não pode engasgar?
O engasgo é uma preocupação muito recorrente dentre os cuidadores de crianças que seguem o método BLW. No entanto, a revisão traz que não houve diferença entre ocorrências de tais episódios entre os grupos do BLW e da conduta tradicional. Isso pode ser explicado pelos bebês apresentarem o “reflexo de gag” (ou de vômito) anteriorizado, na base da língua. O alimento mal mastigado retorna à cavidade oral antes de ser deglutido. Assim, ou será cuspido, ou será mastigado e engolido, evitando naturalmente os episódios de engasgo.
O que os cuidadores falam sobre?
Os cuidadores adeptos ao BLW, mostraram-se significativamente menos preocupados com o volume alimentar ingerido e com o peso do bebês. Eles também são menos estressados com o decorrer das refeições, quando comparados aos praticantes da conduta tradicional. Entretanto, o método BLW também traz sérios desafios pela bagunça e pelo desperdício de comida gerados.
Todavia, não há consenso sobre a segurança a prática do BLW e nem aos potenciais reflexos no comportamento alimentar e no crescimento/desenvolvimento. Assim, a escassez de pesquisas na área, somada aos desafios de sua implementação, geram baixo incentivo para a implementação do método, como conclui a revisão.
Para acessar a revisão na íntegra é só clicar aqui.
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